21 de março de 2012

A Importância Estratégica da Juventude da ArtSind

Segue abaixo a contribuição da Juventude da ArtSind à tese da Articulação.

Por Thiara Nascimento

A Importância Estratégica da Juventude da ArtSind

Diante do aumento de jovens trabalhadores nas bases, é inegável a importância da formulação de políticas para a juventude. A construção de estratégias que atraiam os jovens para dentro dos sindicatos é fundamental para o fortalecimento, crescimento e sobrevivência da CUT. Visto que a atual geração juvenil, em sua maioria, não possui histórico de militância anterior à sua entrada no mundo do trabalho, os sindicatos representam o primeiro contato com uma organização política. Sendo assim, as políticas sindicais para a juventude devem envolver:

1- A Luta pelo Tempo Livre
A redução da jornada de trabalho implica no debate do que fazer com o tempo ganho. Diante da dificuldade de conciliar trabalho e estudos, a juventude trabalhadora gostaria de aproveitar o tempo ganho para se qualificar para o trabalho. Além de lutar para retardar a entrada da juventude no mercado de trabalho, devemos lutar para que o tempo livre da juventude trabalhadora seja aproveitado com a prática de esportes, lazer, atividades artísticas e culturais.

2- Saúde e Trabalho Decente
As maiores causas de afastamento do trabalho no Brasil são os acidentes, as LER e DORT e os transtornos mentais relacionados ao trabalho. Aproveitando-se do vigor da pouca idade e da vontade de construir uma carreira, os jovens submetem-se às metas e abusos patronais e acabam sendo as maiores vítimas dos acidentes e doenças provocadas pelo trabalho. A luta por trabalho decente deve aprofundar o debate específico sobre a saúde da juventude trabalhadora.

3- Uso de Novas Tecnologias da Informação
A luta pela democratização dos meios de comunicação deve ter recorte especial para a juventude pois, esta encontra-se cada vez mais conectada. Com a utilização das novas tecnologias da informação, como as redes sociais, adquirimos mais uma ferramenta para aproximar os jovens do movimento sindical. Devemos realizar mais seminários de capacitação para utilização política das redes sociais e participar de grupos de debates virtuais ficando as bandeiras da CUT nas redes sociais.

4- Implementação da Comissão Nacional de Cultura, Esportes, Artes e Lazer
Além da luta pelo tempo livre e por políticas públicas que possibilitem o desenvolvimento integral da juventude, deve fazer parte dos deveres da Comissão a organização de um grupo de trabalhadores e trabalhadoras artistas que encontram-se na informalidade, recorrendo a um segundo emprego para garantir sua sobrevivência. Bailarinos, pintores, arte-educadores, músicos, artesãos, trabalhadores ligados ao movimento Hip Hop recorrem a sindicatos (quando existem) apenas para adquirir o reconhecimento profissional, pois muitos desses sindicatos atuam como se fossem ordens de classe e não fazem a luta por direitos trabalhistas. Um amplo número de trabalhadores artistas, em sua maioria jovens, carece de orientação e organização sindical.

Incentivo aos artistas populares e à cultura regional
O mercado de trabalho para artistas é amplamente dominado pela grande mídia, que por sua vez, cobra pelo espaço oferecido. Dessa forma, artistas críticos do sistema capitalista e/ou que não tenham condições de comprar espaços não conseguem divulgar seu trabalho, restringindo-se a pequenos grupos e à divulgação nas redes sociais. Devemos lutar pela democratização e ampliação do mercado de trabalho para artistas.

5- Educação
Devemos estreitar relações com o movimento estudantil, elaborando pautas conjuntas em defesa da educação junto com os professores, beneficiando então, toda a classe trabalhadora.

6- Juventude e Desenvolvimento Sustentável
A Juventude da ArtSind luta pelo fim do capitalismo e pela preservação do meio ambiente, propondo-se construir com os outros movimentos juvenis alternativas de desenvolvimento sustentável que nos atenda. Já estamos participando do movimento Enlace das Juventudes defendendo a ampliação dos empregos verdes e o combate ao capitalismo verde.

7- Formação Política e SindicalProposta investir em formação específica para a juventude, visto que, os jovens trabalhadores e trabalhadoras, hoje, em sua maioria, não possuem histórico de militância anterior ao movimento sindical desconhecendo a trajetória da luta de classes.

8- Estreitar Relações com os Movimentos SociaisDevemos retomar o espaço da CUT com suas bandeiras nas ruas junto com os movimentos sociais, conscientizando as juventudes sobre a importância da organização sindical CUTista como instrumento de luta. Nos últimos anos, nossas bandeiras vermelhas estão cada vez mais escassas nas manifestações populares por moradia, combate ao racismo, dignidade LGBT, liberdade religiosa e etc. Sem consciência das alternativas, muitos jovens permanecem distantes da política, ingressam em partidos da extrema esquerda ou se tornam anarquistas. A reaproximação dos movimentos sociais é uma das maneiras de atrair jovens para o movimento sindical, mostrando que nossos debates não se limitam ao mundo do trabalho. As juventudes precisam enxergar que a CUT é um dos principais meios de organização da classe trabalhadora, não apenas por direitos trabalhistas, mas por soberania do povo brasileiro sobre a opressão capitalista.

9- Juventude do CampoA Juventude da Agricultura Familiar vive a dicotomia de permanecer no meio rural ou ir em busca de sonhos. Sonhos esses que são permanentemente confrontados com a dura realidade imposta ao meio rural. As ilusões semeadas no imaginário da juventude rural constroem alternativas que fazem buscar perspectivas de melhorias nas condições de vida fora do seio da agricultura familiar.

A luta da juventude rural deve ser assumida de fato pela CUT e temas como a sucessão na agricultura familiar não podem ser temas somente do ramo. Se a CUT tem clareza do importante papel da agricultura familiar na sociedade, não pode furtar-se ao debate e a permanência da juventude rural no campo é determinante para a continuidade da categoria.

Com essa clareza e ações que direcionem a CUT nesse sentido podemos aprofundar temas determinantes para tal, como: garantia de renda, lazer, cultura, educação, acesso à internet, políticas públicas e formação para lideranças.

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